Disputa em Minas pode repetir o ‘Dilmasia’ de 2010

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: O GLOBO

Dilma lidera a corrida ao Senado, mas tucano Antonio Anastasia está à frente do petista Fernando Pimentel, que tenta a reeleição ao governo do estado.

 

“Em Minas, vai se travar a luta decisiva, a batalha. Porque se nós não ganharmos aqui, nós perderemos no Brasil”. A previsão foi feita pela ex-presidente Dilma Rousseff no primeiro fim de semana de agosto, quando sua candidatura ao Senado foi oficializada pelo PT, em Belo Horizonte.

 

Ela lidera a disputa com folga, segundo o Ibope. Ao citar a vitória da legenda no estado, no entanto, Dilma se referia à tentativa de reeleger Fernando Pimentel (PT) ao governo. A duas semanas das eleições, o petista está em segundo lugar nas pesquisas, em um cenário que não lhe dá nem mesmo a segurança de que a corrida chegará ao segundo turno.

 

Se perder para Antonio Anastasia (PSDB), que é a opção de voto para governador de parte dos eleitores de Dilma, numa nova versão do “dilmasia” das eleições de 2010, o PT perde o estratégico comando do segundo maior colégio eleitoral do país.

 

Feita entre 14 e 16 de setembro, a última pesquisa Ibope sobre o estado aponta Anastasia com 47% dos votos válidos. Pimentel tem 31%. A margem de erros é de três pontos percentuais. Para ganhar a disputa em primeiro turno, basta a maioria dos votos válidos, 50% mais um.

 

Pesam contra Pimentel as dificuldades para pagar o funcionalismo em dia e denúncias de envolvimento em corrupção. Os servidores do governo de Minas recebem salários parcelados desde fevereiro de 2016. Mesmo com o escalonamento, há atraso nas datas de pagamento.

 

O governador é alvo da Operação Acrônimo, que apura o pagamento de propinas em troca de vantagens a empresas no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que ele comandou no governo de Dilma. Ele nega as acusações.

 

Apesar do cenário desfavorável, os últimos levantamentos trouxeram uma notícia que animou os petistas e se tornou uma das apostas nesta reta final. É o crescimento do candidato do partido Novo, Romeu Zema.

 

Desconhecido para grande parte do eleitorado, ele se apresenta como um empresário bem-sucedido, “sem vínculo pessoal e familiar com a política no passado”.

 

Em terceiro lugar, ele subiu nas pesquisas e chegou a 10% dos votos válidos. Para aliados de Pimentel, se a candidatura de Zema continuar crescendo, empurrará a eleição, hoje polarizada entre o governador e Anastasia, para o segundo turno.

 

Pimentel aposta, ainda, que um eventual crescimento de Fernando Haddad no estado também impulsionará suas intenções de voto. Antes de o ex-prefeito de São Paulo substituir Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial, o ex-presidente aparecia com 36% das intenções de voto em Minas. Hoje, Haddad tem 10% no estado, de acordo com a última pesquisa Ibope. Um conselheiro do governador diz que a expectativa da legenda é que o ex-ministro chegue a um percentual parecido com o de Lula. A estratégia das duas últimas semanas é insistir na tentativa de colar a imagem do governador à de Lula e Haddad.

 

Na última sexta-feira, o governador fez campanha ao lado de Haddad e Dilma, em Ouro Preto, a menos de 100 quilômetros de BH, em Betim, na região metropolitana da capital mineira, e Montes Claros, no Norte do estado.

 

 

Voto alinhado

 

“E o Lula já falou: é Pimentel governador. E a Dilma? A Dilma já falou: é Pimentel governador”. É um dos jingles da campanha do petista, que tem pedido o voto de “ponta a ponta” no número do partido. Essa é outra tática de Pimentel: aproveitar o bom desempenho de Dilma na corrida para o Senado.

 

Além de explorar a imagem da ex-presidente nas propagandas eleitorais, ele tem feito vários eventos de campanha com ela. Nas últimas duas semanas, a petista reforçará o apelo por votos para o companheiro. Os dois sustentam o discurso de que o impeachment foi um “golpe”, que teve a participação do adversário de Pimentel. Anastasia foi relator do processo contra Dilma no Senado.

 

Há uma parcela do eleitorado da ex-presidente, porém, que não vê Anastasia como um “golpista” a ser derrotado nas urnas. De acordo com o Ibope, a ex-presidente tem 22% de intenções de votos entre os eleitores que dizem votar no tucano para governador. É a reedição do “dilmasia”, como foi apelidado o voto do eleitor que, em 2010, escolheu Dilma como presidente da República e Anastasia, governador. Entre os eleitores de Pimentel, a ex-presidente tem 72% de intenções de voto.

 

Analistas atribuem uma grande responsabilidade ao estado na apertada vitória que ela teve em 2014, quando disputou a reeleição e foi eleita com 51,6% dos votos. Os 52,4% dos eleitores mineiros que escolheram Dilma foram considerados determinantes na derrota nacional de Aécio Neves. Ele contava que teria uma votação expressiva em seu berço político.

 

 

Lado oposto

 

Jair Bolsonaro (PSL) é o líder nas intenções de voto dos mineiros para a Presidência, com 29%. Entre os seus eleitores, o preferido para o governo do estado é Anastasia (42%).

 

Para liquidar a disputa em primeiro turno, uma das apostas da campanha do tucano é ganhar o eleitor de Bolsonaro que vota nele por ser anti-PT. O discurso é que, em Minas, Anastasia é o representante dessa insatisfação. Numa demonstração de receptividade a esse eleitor, Anastasia já disse que o “cidadão é livre para escolher seus candidatos”, em evento em que o nome do ex-capitão era gritado.

Compartilhe essa matéria: