Em caso de derrota, centrão deve seguir caminhos diferentes no 2º turno

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: O GLOBO

Caciques já trilharam possíveis planos em caso de polarização Bolsonaro e Haddad.

 

Com o péssimo desempenho de Geraldo Alckmin (PSDB) nas pesquisas de intenção de voto, líderes do centrão já negociam alianças para o segundo turno, mas devem se dividir entre o apoio a Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). No primeiro turno, já havia um racha no grupo entre o apoio a Alckmin, Bolsonaro e a Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência, mas o grupo acabou se unindo em torno do nome do PSDB. Agora, acreditam ser improvável uma posição única em torno de um dos candidatos.

 

Segundo dirigentes do centrão, PRB e DEM estariam mais perto de Jair Bolsonaro, enquanto o Solidariedade teria uma afinidade maior com o PT. Já o PP, pela dependência do eleitorado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste, deve marchar ao lado do PT no segundo turno.

 

Entre outras coisas, porque o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), é candidato à reeleição no Piauí com o apoio do PT e com materiais de campanha onde faz questão de colar o seu nome ao de Lula. Apesar de seu partido apoiar Alckmin no primeiro turno, Nogueira não esconde que votará no PT. Nos quadros do partido, entretanto, há quem faça campanha para Bolsonaro, como o deputado Luis Carlos Heinze, candidato ao Senado no Rio Grande do Sul.

 

No PR de Valdemar Costa Neto, os principais interlocutores do partido dizem que já está bem encaminhado o apoio a Bolsonaro em um segundo turno contra o petista Fernando Haddad. O dono do PR é próximo ao ex-presidente Lula, mas as negociações com o capitão reformado, que já aconteceram no primeiro turno, têm hoje a preferência dos parlamentares do PR. O chefe da legenda já havia liberado alguns correligionários para apoiarem quem quisessem no primeiro turno, mas com o desempenho pífio de Alckmin, houve uma liberação mais ampla dos quadros do partido.

 

Boa parte dos integrantes da Bancada da Bala, que compõem a maioria do partido - 32 dos 40 deputados do PR integram a Frente Parlamentar de Segurança Pública - já estão pedindo voto abertamente para o candidato do PSL ao Palácio do Planalto.

 

"No partido tá liberado apoiar o Bolsonaro. Eu já estava desde o início, junto com uns 10 do partido, mas agora foi uma liberação natural, os deputados naturalmente foram se liberando para esse apoiamento, aí o Valdemar achou por bem liberar", disse o deputado Lincoln Portela (PR-MG), cabo eleitoral do candidato do PSL.

 

Integrantes da direção do partido, porém, lembram que, por não aceitar negociar alguns pontos considerados fundamentais pelo PR, como uma coligação na chapa para ampliar a bancada federal do partido no Rio de Janeiro e em São Paulo, a negociação pode azedar, como ocorreu no primeiro turno. Outro interlocutor direto de Valdemar da Costa Neto, que comanda a legenda, diz que a tendência é que a decisão sobre o segundo turno seja tomada em conjunto com os outros partidos do centrão, mas não será “verticalizada”. Em outras palavras, nos estados, os candidatos do PR estarão liberados a apoiar quem quiser, como tem ocorrido neste primeiro turno.

 

O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), diz que o partido “ainda não jogou a toalha” sobre a candidatura de Geraldo Alckmin. Para ele, as duas últimas semanas de campanha são as mais determinantes e o tucano ainda pode subir nas intenções de voto.

 

"Se Alckmin for para o segundo turno, vai ganhar. Se não for, vamos analisar. Não temos repulsa a ninguém. Na democracia, você tem de saber entender a voz das urnas. Desde que haja uma boa interlocução, não teríamos problema (em apoiar qualquer candidato)", afirma Arantes.

 

Segundo ele, há simpáticos no partido aos dois candidatos que aparecem hoje na liderança das pesquisas. Os parlamentares nordestinos têm preferência por Fernando Haddad e os do Sul, por Jair Bolsonaro. No caso do último, ele pondera que o seu vice, general Hamilton Mourão, anda dando declarações péssimas:

 

"Essa última sobre filhos que não têm pai é uma loucura. Acentua a radicalização, o que é péssimo. Vamos devagar com o andor".

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