Estudo comprova que formação da linguagem é aprimorada com o diálogo.

É comum ver os pais "conversando" com os filhos bebês, perguntando ou tentando falar sobre os mais diversos assuntos. O que pode parecer "loucura", na verdade, é uma ótima forma de incentivar o processo natural de aprendizado de linguagens, segundo um estudo divulgado no periódico científico The Journal of Neuroscience. Pesquisadores mostram que uma das melhores maneiras de incentivar a criança a falar é conversar com ela.

A análise feita pela Fundação Walton Family, pelo Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano e pela Universidade de Harvard, todos dos Estados Unidos, aponta que conversar frequentemente com o bebê é um fator importante para o desenvolvimento da fala. Isso porque manter o diálogo de forma frequente, desde cedo, ajuda a criar conexões mais fortes nas regiões cerebrais responsáveis pelo desenvolvimento da linguagem.

Os cientistas americanos usaram gravações de áudio e exames de imagens do cérebro de 40 crianças, com idades variando de 4 a 6 anos. Os resultados mostram que os pequenos mais envolvidos nas conversas apresentaram conexões mais intensas em duas regiões do cérebro: na área de Wernicke (ligada à fala) e na área da broca, ambas localizadas no córtex cerebral e ligadas à compreensão e à linguagem.

Segundo a fonoaudióloga Marly Teixeira Kondo, da clínica Walkiria Brunetti, São Paulo (SP), o desenvolvimento da linguagem começa ainda na vida intrauterina, especialmente entre a mãe e o bebê. "Por isso, é comum o bebê se acalmar com a voz materna. Nos primeiros meses de vida, o choro será a principal forma de comunicação e serve para demonstrar suas necessidades essenciais, como sono, fome e afeto. A partir dos 3 meses, é esperado que o bebê comece a balbuciar, ou seja, a emitir sons repetitivos que irão ajudar na aquisição da fala", comenta a especialista.

Uma dica da fonoaudióloga é sempre falar com o bebê ou com a criança num discurso normal. "Os pais costumam usar a 'linguagem do bebê' para conversar com a criança. Pode até ser carinhoso, porém pode também contribuir para uma dificuldade em falar corretamente posteriormente. O ideal é conversar num tom carinhoso, mas usando a linguagem normal, as palavras da forma correta", diz Marly Kondo.

Outro ponto é sempre dar o exemplo correto da palavra quando a criança usar de forma errada, inclusive de verbo conjugado erroneamente. "A criança aprende muito rápido nos primeiros anos, portanto, quanto mais os pais usarem a linguagem correta e apontarem a maneira certa de falar, maior será a chance de a criança passar por um processo mais tranquilo na aquisição da fala", afirma a especialista.