Advogada diz que foi mantida em cárcere após fim de relacionamento

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: G1

Vítima teria descoberto ficha criminal de suspeito e tentou terminar relação. Mulher foi resgatada após entregar bilhete em um posto de Camanducaia.

 

A advogada de 41 anos resgatada de sequestro na Rodovia Fernão Dias, em Camanducaia, contou que havia tentado terminar o relacionamento, e por isso, foi mantida em cárcere privado pelo suspeito.  "Foi a primeira oportunidade que eu tive, porque eu ficava sempre trancada nos quartos de hotel e de uma casa onde tinham dois homens, então, não tinha como [pedir ajuda]”, conta a vítima, que não quis ser identificada.

 

A mulher foi resgatada pela polícia depois de escrever um bilhete com um pedido de socorro, que dizia: "O senhor que dirige esse carro possui mandado de prisão federal, por Governador Valadares. Ele tem duas identidades, mas a real é [nome do suspeito]. Favor acionar a Polícia Federal”.

 

O bilhete foi entregue à funcionária de um restaurante em um posto de combustíveis, que fica às margens da Rodovia Fernão Dias,  em Pouso Alegre. Imagens registradas pela câmera de segurança mostram a advogada subindo uma rampa em direção ao banheiro do restaurante. Desconfiada, ela olha pra trás, e com a porta do banheiro entreaberta, a vitima pede socorro e entrega o bilhete.

 

Eu consegui escrever o bilhete no carro enquanto ele trocava o óleo. Nós [estávamos] viajando não sei pra onde, ele colocou as coisas em cima da caminhonete, todos os meus pertences, só os meus. Não disse pra onde estava me levando”, relata a advogada.

 

O bilhete foi entregue à polícia, onde constavam o nome do suspeito e a placa do veículo que os dois estavam. A polícia conseguiu confirmar o mandado do prisão em aberto na cidade de Governador Valadares.

 

“Fomos até o posto em questão, pegamos essa carta e como eles não sabiam pra onde esse veículo estava rumando, a gente foi em direção a São Paulo, que [era] o mais provável. Acionamos a viatura de Itapeva pra dar apoio e conseguimos interceptar [a caminhonete] logo depois do pedágio, onde a abordamos próxima ao posto da autopista”, conta o agente da Polícia Rodoviária Federal, Marcos Ladislau.

 

O carro que o suspeito dirigia tinha queixa de roubo e estava carregado, pronto para a mudança. A intenção do homem era levar a mulher para Peruíbe (SP), segundo a polícia.

 

 

Relacionamento recente

 

A advogada afirma que estava sendo mantida em cárcere privado desde o dia 17 de fevereiro. O relacionamento era recente, e segundo a vítima, ela tentou terminar depois de descobrir a ficha criminal do suspeito.

 

“É uma relação muito recente, que se iniciou com uma proposta de trabalho que ele fez para nós trabalharmos em Aparecida (SP), começamos a namorar desde então, passei a cuidar das filhas dele”, conta.

 

A vítima conta também que foi agredida pelo companheiro depois de descobrir os crimes de que ele é suspeito.

 

“Eu decidi terminar o relacionamento. A partir daí, à noite, na casa da tia dele, ele me puxou pra cama de baixo, começou a me esganar, eu estava com a marca de esganadura e até agora eu tenho as marcas nas pernas das agressões que eu sofri”, diz mostrando as marcas no corpo.

 

 

Suspeito

 

Segundo a polícia, Jean Robert Kobayashi, de 54 anos, tem passagem por homicídio no Rio de Janeiro e um mandado de prisão em aberto pela Justiça Federal de Governador Valadares, por assalto a banco em 2009.

 

Na delegacia, questionado sobre a ficha criminal, Kobayashi negou tudo. “Não sou foragido da justiça não. Eu tenho como provar isso”, disse. Ele também negou ter mantido a advogada em cárcere privado. “Estou sendo acusado de uma coisa que eu não fiz. Jamais faria isso [mantê-la sob cárcere privado]. Ela é minha esposa.”

 

Kobayachi foi ouvido na Delegacia de Pouso Alegre e transferido nesta quinta-feira (3) para o Presídio de Extrema. Segundo a polícia, a ficha criminal do suspeito é extensa. Além da suspeita de cárcere privado, ele deve responder pelo homicídio no Rio de Janeiro e o assalto a banco, em 2009.

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