Assad diz estar determinado a reconquistar a Síria

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: VEJA

Em rara entrevista, o ditador sírio afirmou estar disposto a negociar com a oposição, mas mantém guerra contra insurgentes armados, que ele chama de terroristas.

 

O ditador sírio Bashar Assad disse, em entrevista exclusiva à agência de notícias France-Presse, estar determinado a recuperar o controle de toda a Síria, mas previu que os combates contra os rebeldes, que já duram quase cinco anos, podem ser longos. No poder desde 2000, Assad afirmou que está disposto a negociar com a oposição, enquanto continua a guerra contra os insurgentes armados.

 

A entrevista foi realizada na quinta-feira, no escritório de Assad em Damasco, antes do anúncio do Grupo internacional de Apoio à Síria, reunido em Munique, sobre o acordo alcançado entre Estados Unidos e Rússia para um cessar das hostilidades em uma semana e sobre um maior acesso da ajuda humanitária aos civis.

 

"Desde o início da crise, acreditamos totalmente nas negociações e na ação política. No entanto, negociar não significa que vamos parar de combater o terrorismo. As duas vertentes são indispensáveis na Síria (...) A primeira vertente é independente da segunda", declarou o ditador. O regime sírio chama de "terroristas" todos os seus opositores armados, sem distinção entre moderados e jihadistas.

 

A entrevista à AFP é a primeira de Assad à imprensa desde o fracasso das negociações de Genebra no mês passado e o lançamento de uma vasta ofensiva militar na região de Aleppo (norte), apoiada por ataques aéreos russos. Esta ofensiva forçou dezenas de milhares de sírios a fugir dos combates e tentar refúgio na Turquia.

 

Segundo Assad, a batalha na região de Aleppo tem como objetivo "cortar a rota entre esta província e a Turquia", e não retomar o controle sobre a segunda maior cidade do país. A importância de cortar esta rota é que ela constitui "a principal via de abastecimento dos terroristas", declarou na entrevista em referência aos rebeldes apoiados por Turquia, Arábia Saudita e Catar. Nesse contexto, o ditador sírio considerou que existe o risco de uma intervenção militar turca e saudita na Síria, mas que suas forças "irão enfrentar" qualquer ação externa.

 

Evocando a crise migratória, Assad afirmou que a Europa deve criar as condições para ajudar no retorno dos refugiados aos seus países. "Eu vou pedir aos governos europeus que contribuíram diretamente para o êxodo (dos refugiados sírios)", afirmou. Ele também negou as acusações da ONU de que seu regime é responsável por inúmeros crimes de guerra, afirmando que as instituições das Nações Unidas são "dominadas pelas potências ocidentais" e que "a maior parte de seus relatórios são politizados".

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