Estudo mostra que Brasil está comprando mais remédios

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Segundo pesquisa que contou com participação da Fiocruz Minas, o governo brasileiro gastou, entre 2006 e 2013, cerca de R$ 34 bilhões na aquisição de medicamentos.

 

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que a compra de medicamentos representa uma das principais fontes de despesa para os sistemas públicos de saúde. Para compreender os gastos voltados para a assistência farmacêutica no Brasil, pesquisadores de três instituições (Fiocruz Minas, Universidade Federal Fluminense e Instituto Karolinska, da Suécia) fizeram uma análise das compras realizadas pelo governo federal no período compreendido entre janeiro de 2006 e dezembro de 2013. O estudo, publicado recentemente na revista científica americana Plos One, baseou-se no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais, um banco de dados geral de compras, que inclui aquisições de medicamentos realizadas por todos os ministérios e outros entes da federação.

 

De acordo com a pesquisa, foram gastos, entre 2006 e 2013, cerca de R$ 34 bilhões. Quase 50% desse valor foram destinados a três classes de medicamentos: os imunossupressores (usados no tratamento de doenças autoimunes e na preparação e manutenção de transplantes de órgãos); os antivirais de uso sistêmico (voltados para o tratamento de Aids, herpes, Influenza etc.); e os agentes antineoplásicos (que são os medicamentos usados no tratamento de câncer). O estudo também observou que, embora liderem o ranking das despesas, essas três categorias começaram a ser adquiridas principalmente a partir de 2009, apontando uma mudança no perfil de aquisições.

 

"A análise dos dados mostra que, nos últimos anos, houve incorporação de novos fármacos à lista de medicamentos oferecidos. A mudança é positiva, pois significa que o sistema público de saúde passou a oferecer tratamentos que, até pouco tempo atrás, não estavam acessíveis para a maior parte da população", explica Tatiana Luz, pesquisadora da Fiocruz Minas.

 

O estudo também constatou que houve um aumento de 271% dos gastos, comparando o primeiro e o último ano analisados. Foram R$ 2,63 bilhões em 2006 e R$ 7,15 bilhões, em 2013. Os imunossupressores encabeçam a lista dos medicamentos que mais tiveram aumento na despesa, correspondendo a uma elevação de 25 mil por cento entre 2006 e 2013.

 

"As novas drogas que entraram no mercado têm custo elevado. Isso significa que, se por um lado é possível oferecer tratamento para mais doenças, por outro, há um aumento substancial dos gastos com medicamentos Nesse sentido, é fundamental conhecer bem a demanda para que, ao comprar, os governos consigam aumentar a capacidade de negociação", comenta a pesquisadora mineira.

 

Outras categorias de fármacos também contribuíram para a elevação dos gastos gerais, como os medicamentos usados para o tratamento de diabetes, cuja despesa subiu quase 190%, e os anestésicos, que tiveram um aumento no valor total de cerca de 175%, comparando os anos de 2006 e 2013. Porém, em relação a esses dois exemplos o crescimento da despesa foi provocado pelo aumento da quantidade de itens comprados.

 

"Isso reforça a importância de compreender o impacto que cada produto tem no orçamento. A ideia não é deixar de oferecer, mas conhecer bem as necessidades da população para que seja possível comprar com preço melhor", destaca Tatiana Luz.

Compartilhe essa matéria:

As Mais Lidas da Semana