Reforma revela bilhete escondido em parede do Fórum de Caxambu

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: G1

Carta foi escrita em 1980, na construção do prédio, e escondida por pedreiro. Ele teve ideia de 'guardar' nomes de pessoas relacionadas com a obra.

Matéria extraída do G1

 

Um item inesperado foi encontrado durante a reforma do Fórum de Caxambu. O pedreiro que participava da obra encontrou um bilhete escondido na parede do prédio. Ele foi escrito durante a construção do prédio, em 1980. O autor, que participou da obra e hoje mora em Jacareí (SP), revelou que teve a ideia de registrar quem fez parte daquele momento.

 

Ao lado da família, o pedreiro Mauro Pereira Gomes conta que nunca contou a ninguém que havia escondido o bilhete na parede. No papel, escrito de próprio punho, estão os nomes do prefeito da época, do engenheiro responsável pela obra e os até o nome dos operários que ergueram o fórum.

 

“Eu costumava almoçar na obra, então na hora do almoço, não tinha nada pra fazer, aí eu pegava um caderno, uma caneta, rabiscava uns canos fazendo alguns cálculos no escritório da obra. E aí eu me deparei com o quadro de horários dos funcionários, com o nome de todos os funcionários, função tudo direitinho, aí eu peguei e tive essa ideia de escrever aquilo”, conta.

 

 

Pedreiro escondeu bilhete quando fazia obra do Fórum de Caxambu, em 1980.

 

 

O bilhete estava escondido em uma sala onde até 20 dias atrás existia um balcão. A carta estava debaixo de uma pedra e quem achou foi um pedreiro que trabalhou na reforma do prédio. Assim que ele encontrou, foi atrás de alguém para testemunhar o tesouro que tinha acabado de achar.

 

O primeiro a ler o bilhete foi o vigilante Admilson Rosa. “Ele desenrolou e me chamou: ‘olha Admilson, é o seguinte, eu tenho um papel aqui, não sei se foi colocado aqui agora, então eu estou te chamando porque antes de tirar a pedra, a gente tem que [ver], porque eu não estou sabendo o que é’”, lembra.

 

Mas o papel amarelado, tingido pelo tempo, revelou mais surpresas: o nome do tio do vigilante também está na carta. E as coincidências vão além da escrita: o tio dele também era vigilante da obra. “É uma ‘cápsula’ né? Pra você ver, há 36 anos meu tio era vigia aqui e hoje eu sou vigilante no mesmo prédio que ele ajudou a construir.”

 

E como se não bastasse, o bilhete de décadas traz à tona mais história. Cláudio Goncalves da Gama era o engenheiro responsável pela obra. Ao ver o nome do marido, que morreu há cinco anos, Fernanda Gama Cruz quase não aguentou.

 

“Emocionou muito, realmente. Não sei como o coração não parou”, conta. Também emocionada, a filha Celia Gama Cruz comenta a admiração pela boa lembrança. “Uma parede né? O que uma parede de tijolo... dentro daquela parede tem uma história da minha vida, da minha mãe, do ‘seo’ Mauro, dos pedreiros. Tem vida.”

 

E Gomes faz uma revelação. Ele conta que tem bilhetes espalhados em outros prédios de Caxambu. Hoje em Jacareí, no Vale da Paraíba paulista, a família conta que também se orgulha da recordação deixada por ele em Minas Gerais.

 

 

Bilhete encontrado em fórum tem nome de pessoas envolvidas com a obra.

 

 

“Está sendo muito legal pra gente porque ninguém esperava, é uma coisa que estava escondida, nem ele contou pra ninguém”, comenta o filho Demétrius Gomes. A esposa completa. “E ele tem umas coisas que ele escreve, guarda e fala assim: ‘isso ninguém é pra mexer, só quando eu for embora’”, revela Irene de Arantes Gomes.

 

E será que na casa dele também se acha alguma raridade? “Não tem nada não. Deve ter alguns milhões escondido aí”, brinca.

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