Aos 54 anos, esta é a primeira obra de Christane de Murville em festival. ‘A Caverna Cristalina’ é o 1º de três volumes sobre a Chapada Diamantina.

Com 54 anos, a doutora em psicologia e formada em ciência da computação, Christiane de Murville, ‘abandonou’ as carreiras para dedicar-se à literatura e lançou neste sábado (30) a trilogia ‘A Caverna Cristalina’, no Festival Literário de Poços de Caldas, o Flipoços. A trama dos livros envolve mistério, aventura e fatos históricos sobre o vilarejo de Igatu, no município de Andaraí (BA).

Durante a abertura do festival literário – o primeiro que ela participa – Christiane autografou também o primeiro livro no evento. ‘‘Você é a primeira pessoa para quem eu autografo um livro neste encontro’’, disse à repórter, antes de um bate-papo, quando contou sobre as inspirações para criar a história, cujo ‘tempo’ é protagonista, ao lado dos personagens. Junto com o livro, ela entrega brindes, feitos à mão, com pequenas pedras magnéticas. ‘‘São pedras mágicas para abrir uma dimensão mais feliz’’, brincou.

Com cenário na Chapada Diamantina, a trilogia instiga não apenas o mistério e abertura de portais, mas reflexões paralelas, ligadas à psicologia. ‘‘Eu pensei que eu poderia contar histórias e provocar reflexões, mas também falar do tempo, de uma forma mais interessante que usando apenas a área de exatas, da qual sou formada, e a da área da psicologia. Assim, eu volto na história do vilarejo, quando ele chegou a ter quase 10 mil habitantes e atualmente resume-se a menos de mil’’, destacou a escritora.

Ao todo, foram três anos dedicados a escrever a trilogia, além de muitas pesquisas e leituras, inclusive de teses da Universidade de São Paulo (USP), sobre o vilarejo. ‘‘O primeiro livro começa quando uma turma de viajantes entra em uma caverna e uma série de mistérios começa a ocorrer, transportando-os a outras dimensões, inclusive tempos históricos, então eles encontram-se em outros tempos, quando da exploração do ouro, escravos pelas ruas e a época dos cassinos no vilarejo. Então, embora seja uma obra de ficção, explora teorias viáveis sobre a existência de diferentes dimensões no espaço-tempo’’, contou Christiane.

Embora esta seja a primeira participação em festivais literários e o primeiro lançamento fora de São Paulo (SP), a autora, que no intervalo entre um livro e outro da trilogia, escreveu também a obra ‘A vida como ela é’ - sobre dois jovens de vidas parecidas e desejos e leituras de mundo distintos, que encontram-se em um elevador – e já tem os volumes da trilogia traduzidos para o francês e publicados na França e também em Portugal, onde a editora também tem representação. ‘‘Eu estou muito grata por estar vivendo isso’’, finalizou.