É asma mesmo? Conheça os riscos de tratamentos desnecessários

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: ISTOÉ

Estudo aponta que a maior parte das crianças pode não ter a doença. Conheça os riscos de submetê-las a tratamentos desnecessários e como fazer o diagnóstico correto.

 

Uma pesquisa recém-divulgada acionou um alerta entre pais e médicos responsáveis pelo tratamento da asma em crianças. Feito na University Medical Centre, na Holanda, o trabalho mostrou que a maior parte dos diagnósticos realizados entre pessoas de seis a dezoito anos estava errado e os jovens eram tratados de uma doença que não tinham.

 

Os cientistas investigaram 4.960 crianças e adolescentes, entre os quais 652 tinham recebido diagnóstico. Após análise mais profunda, verificou-se que apenas 105 de fato manifestavam comprovadamente a enfermidade. Em outros 151 havia suspeitas, que precisavam ser provadas, e 396 definitivamente não tinham asma. “Há erros enormes de diagnóstico”, disse à ISTOÉ a pesquisadora Ingrid Looijmans-van der Akker, coordenadora do estudo.

 

No Brasil, não se sabe ao certo qual é a situação. “Não temos dados científicos nacionais do mesmo tipo para afirmar que aqui também há excesso de diagnóstico, mas isso pode acontecer, principalmente nas crianças menores”, afirmou o médico Eduardo Costa, coordenador da comissão de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia.

 

Em menores de seis anos, não é possível realizar um exame comprovatório (espirometria). “Até essa idade, o diagnóstico é baseado no quadro clínico. Porém, muitas afecções respiratórias podem ser confundidas com a asma nos primeiros anos de vida”, disse o especialista. Sintomas de doenças cardíacas e pulmonares, como a fibrose cística e malformações do coração, também são parecidos com os da doença (falta de ar, chiado e tosse persistentes).

 

A asma inflama as vias que levam o ar para dentro e fora dos pulmões. Se não tratada, pode ter complicações sérias. “Os pacientes estarão sujeitos a exacerbações de gravidades variáveis, até com risco de morte”, afirma Costa. Porém, se apontada em casos nas quais não existe, leva ao tratamento desnecessário. A criança corre o risco de sofrer os efeitos colaterais dos corticóides orais (obesidade e retardo de crescimento) e dos inalados (candidíase oral e rouquidão).

 

É por isso que o diagnóstico deve passar por um processo criterioso. “A avaliação clínica deve ser baseada no tipo e padrão de recorrência dos sintomas, associada à história familiar de casos e/ou outras doenças alérgicas”, diz Costa. Em casos nos quais a dúvida persiste é preciso recorrer ao teste terapêutico. “Trata-se a doença como se fosse asma por duas ou mais semanas e avalia-se se houve resposta clínica e funcional.” 

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