Apesar de acordo, "ordem é não sair", dizem caminhoneiros em greve

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: O GLOBO

No Rodoanel, filas de caminhões continuam. Grupos se organizam pelo Whatsapp e mostram hostilidade contra sindicatos.

 

Apesar do acordo fechado nesta quinta-feira com as lideranças de caminhoneiros em Brasília, nas estradas a situação é outra. Nas principais vias de São Paulo, motoristas continuam parados na pista. A orientação entre os grupos "é não sair".

 

No Rodoanel Mario Covas, uma fila de caminhões se estende até Embu das Artes, pelo menos. Motoristas estão parados no acostamento e em uma das pistas da estrada. O frio aumentou de ontem para hoje, mas os caminhoneiros afirmam que não vão deixar o local.

 

"Cadê o Diário Oficial? Como foi protocolado esse acordo? Palavras se perdem no vento. Não tem nada escrito. Então aguardamos uma decisão real", diz Vilmar Schröeder, caminhoneiro há 25 anos.

 

Ele afirma que "a orientação do sindicato" é não sair. Outros grupos se organizam entre eles mesmos, com "porta-vozes informais", com informações passadas entre grupos de WhatsApp. Há hostilidade em relação ao sindicato entre muitos caminhoneiros.

 

Nesta quinta-feira, o presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse que a paralisação dos caminhoneiros somente seria suspensa se o Senado aprovasse ainda na quinta-feira o projeto que elimina a cobrança de PIS/Cofins sobre o diesel até o fim do ano e tivesse a sanção presidencial para a publicação da medida no Diário Oficial da União.

 

 

Empresas, comerciantes e moradores dão comida a manifestantes

 

Empresas de caminhões, comerciantes e moradores das regiões onde se concentram os protestos têm oferecido comida aos motoristas. É com esse apoio logístico que os caminhoneiros pretendem continuar nas vias. As cargas perecíveis, porém, têm se perdido.

 

"Só vamos sair quando houver algo concreto. Estamos tomando prejuízo também. Mas se não resolver nossa situação dessa vez não adianta. Aí é melhor rasgarmos nossa carteira de motoristas", acrescenta Vilmar.

 

Na mesma fila de caminhões estacionados, Valdecir Barbosa aguardava a liberação da pista com seu caminhão carregado de ferragem. Ia descarregar em Taboão da Serra, a poucos quilômetros dali, mas ficou parado em uma barreira.

 

"Não dá para seguir viagem. Os bloqueios continuam", conta o caminhoneiro há 30 anos.

 

Assim como outros motoristas parados no local, Valdecir diz apoiar "o movimento".

 

"É importante essa paralisação. Do jeito que está não conseguimos trabalhar mais. O combustível sobe todo dia. O frete não".

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