Homem da Itália medieval substituiu mão amputada por uma faca

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

É impossível determinar como e por que a mão foi amputada, mas os pesquisadores suspeitam que o homem sofreu algum trauma naquela região.

 

Muito antes do surgimento do Capitão Gancho (personagem de ficção e inimigo do herói Peter Pan, que dá nome à famosa peça de teatro), um outro homem, da vida real e desconhecido até então, já havia tinha acoplado uma ferramenta em sua mão amputada.

 

A prova disso é um esqueleto recentemente encontrado na necrópole do povo lombardo, localizado ao norte da Itália. O material data entre os séculos 6 e 8 d.C e foi descoberto por um grupo de pesquisadores italianos da Universidade de Roma, Universidade Católica do Sagrado Coração e da Escola de Paleoantropologia. Os achados foram publicados no periódico Journal of Anthropological Sciences.

 

Segundo os arqueólogos autores da pesquisa, o esqueleto pertencia a um indivíduo do sexo masculino, com idade entre 40 a 50 anos, e com o braço direto amputado a partir da metade do antebraço. É impossível determinar como e por que a mão foi amputada, mas os pesquisadores suspeitam que o homem sofreu algum trauma no membro.

 

“Uma possibilidade é que sua mão tenha sido amputada por razões médicas; talvez ela estivesse quebrada devido a alguma queda, resultando em uma fratura incurável. Também, considerando a cultura de guerra dos lombardos, um acidente durante batalhas também é algo possível”, afirmou uma das autoras do estudo.

 

O esqueleto estava próximo a outros restos mortais de homens, cavalos e cachorros. Porém, diferentemente de todos os outros corpos, que haviam sido enterrados com armas próximas aos seus membros superiores, esse indivíduo tinha seu braço direito colocado acima de seu torso. Junto a ele, havia uma lâmina de faca, de ponta afiada, alinhada com seu pulso amputado. O que conectava a faca ao seu corpo era uma enorme fivela em formado de D e um material orgânico decomposto – provavelmente uma tira de couro.

 

Isso sugere que o couro e a fivela seguravam a faca ao membro amputado do homem, como uma prótese. E parece que o homem viveu assim por um longo tempo, já que análises do osso do braço indicam que ele conseguiu se curar do procedimento de amputação. 

 

“Esse indivíduo lombardo teve uma recuperação ótima depois de uma amputação no antebraço, considerando a época pré-antibiótica em que ela foi realizada. Ele não apenas se ajustou bem à sua condição como também fez uso de uma ferramenta de sua cultura”, escreveram os pesquisadores.

 

Ao examinar o material mais de perto, as extremidades dos ossos do braço direito apresentaram evidências de pressão biomecânica, indicando que essa parte do corpo foi “remodelada”, originando calos e um esporão na ulna, o maior osso que forma o antebraço. Essa mudança indica que a região amputada havia ganhado uma prótese.

 

Outros indícios disso são os dentes do esqueleto, que revelam um extremo desgaste, falta de esmalte e lesão óssea. O homem utilizava os dentes para realizar movimentos do lado direito da boca que é provável que tenha aberto uma cavidade bucal, resultando em uma infecção bacteriana. De acordo com os pesquisadores, esse ato que ele realizava com os dentes nada mais era do que pressionar as correias que mantinham sua prótese no lugar.

 

Seu ombro direito também trazia marcas desse movimento – o indivíduo havia desenvolvido cristas ósseas em formato de C na região, as quais mantinham o ombro em uma posição estranha, mas fundamental para apertar a prótese com a boca.

 

Na visão dos pesquisadores, essa adaptação criada para o indivíduo atestam o valor de comunidade e o caráter de união dos lombardos.

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