Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54
Segundo a Polícia Militar, pelo menos 400 manifestantes se reuniram na entrada da unidade em São Lourenço.
Um grupo de mulheres se reuniu na manhã desta terça-feira (20) para uma manifestação em frente à sede da empresa Nestlé, em São Lourenço. O grupo, que pertence ao Movimento Sem Terra, fez uma manifestação contra a privatização de mananciais de águas e contra o governo do presidente Michel Temer.
Os organizadores afirmaram que pelo menos 600 manifestantes participaram do ato. Para a Polícia Militar, o número de manifestantes foi de 400 a 450. Segundo a polícia, as manifestantes chegaram no local em um ônibus por volta das 6h e começaram o ato. Ainda segundo a polícia, que acompanhou o ato, houve confusão na chegada das manifestantes, muros foram pichados e algumas placas na entrada da unidade foram quebradas. Segundo o grupo, dois ônibus que chegaram com as manifestantes foram apreendidos.
Segundo o movimento, a invasão foi para denunciar o risco da entrega das águas a grupos internacionais, que seria conduzida pelo governo Temer. Eles também dizem que o Fórum Mundial das Águas, que acontece em Brasília (DF), é um pano de fundo para comercializar nossas reservas. Outro ponto colocado pelos manifestantes é uma ação civil pública que corre contra a Nestlé por conta da exploração irregular do Poço Primavera e dele, supostamente, ter provocado a seca da fonte magnesiana.
Em nota, a Nestlé Waters afirmou que "respeita a liberdade de expressão e opinião", mas lamentou possíveis danos às instalações. A empresa diz ainda que está "está totalmente comprometida com a administração sustentável dos recursos hídricos e o direito humano à água", e que monitora as retiradas de forma a não afetar as baciais hidrográficas e aquíferos locais (leia a nota na íntegra mais abaixo).
Segundo polícia, muros foram pichados durante manifestação em São Lourenço.
Exploração das águas
As fontes de água mineral de São Lourenço foram descobertas em meados do século 19 e logo atraíram muitas pessoas. A concessão pra que elas fossem usadas de forma comercial foi dada em 1890, quando a cidade começou a ser construída. A Nestlé, multinacional suíça, chegou à cidade em 1992, quando comprou a empresa responsável pelo envasamento da água e assumiu as atividades. Ela é responsável também pelo Parque das Águas, principal ponto turístico da cidade.
Atualmente, a empresa é responsável pela manutenção das 10 fontes da cidade. Nove ficam no parque e são de uso exclusivo dos visitantes. A outra fonte, chamada Oriente, fica dentro da empresa e é dela que sai a água comercializada em todo o país. Mesmo com a captação, a água da fonte Oriente segue também pra um fontanário público, onde a população pode pegar água de graça.
Temor por novas privatizações
Membros de organizações não governamentais e associações de proteção ambiental na região do Circuito das Águas de Minas Gerais estão preocupados com a proposta de privatização do manuseio dos mananciais de água feita pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig).
Na prática, a companhia lançou um edital em busca de um parceiro no ramo alimentício ou de bebidas que possa assumir e exercer a exploração da água nos municípios de Caxambu, Cambuquira e Lambari, no Sul do Minas.
Originalmente, a Codemig possui a concessão de exploração das fontes de águas mineiras nos municípios de Araxá, Caxambu, Cambuquira e Lambari.
Nota oficial da empresa
"Nestlé Waters informa que a unidade da empresa em São Lourenço (MG) foi ocupada na manhã do dia 20/03 por manifestantes e que parte de suas instalações foi atingida durante o ato. Não houve feridos. A companhia reitera que respeita a liberdade de expressão e opinião, mas lamenta que a manifestação tenha gerado danos nas instalações, local de trabalho de mais de 80 colaboradores.
A Nestlé informa, ainda, que está totalmente comprometida com a administração sustentável dos recursos hídricos e o direito humano à água. Em todos os locais onde extrai água, realiza estudos de recursos hídricos e monitora frequentemente as retiradas para garantir que não afetem as bacias hidrográficas locais e os aquíferos."