Reino Unido expulsa 23 diplomatas russos após ataque contra ex-espião

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: O GLOBO

Premier britânica acusa Rússia de tentativa de assassinato contra Sergei Skripal em Salisbury.

 

Em discurso ao Parlamento britânico nesta quarta-feira, a primeira-ministra Theresa May anunciou uma série de represálias à Rússia, que acusou pelo ataque com gás nervoso contra o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha em 4 de março em Salisbury, no Reino Unido. O governo da premier vai expulsar 23 diplomatas russos e cortar contatos de alto nível com os russos, anunciou ela.

 

A premier disse que os diplomatas foram identificados como agentes de inteligência (espiões) não declarados e que eles terão uma semana para deixar o país. May anunciou que o governo vai intensificar a verificação de russos que tentarem entrar no Reino Unido.

 

"Sob a Convenção de Viena, o Reino Unido expulsará 23 diplomatas russos que foram identificados como agentes de inteligência não declarados. Eles têm apenas uma semana para sair", anunciou May. "Vamos congelar bens estatais russos onde encontrarmos evidência de que podem ser usados para ameaçar a vida ou a propriedade de cidadãos ou residentes do Reino Unido".

 

O governo britânico havia dado o prazo de meia-noite desta quarta-feira para a Rússia se manifestar sobre o episódio, mas os russos rejeitaram as acusações de envolvimento com o envenenamento de Skripa, e argumentaram que o Reino Unido não lhes deu acesso às provas coletadas até agora no inquérito sobre a morte do ex-espião. May disse que foi correto dar uma chance de defesa à Rússia, mas considerou a ausência de resposta uma manifestação de "completo desdém".

 

"Não há nenhuma conclusão alternativa, além do fato de que o Estado russo foi culpado pela tentativa de assassinato do senhor Skripal e sua filha e por ameaçar a vida de outros cidadãos britânicos em Salisbury", disse May.

 

Na acusação à Rússia, ela se apoia no uso contra o ex-espião de um gás nervoso desenvolvido pela antiga União Soviética conhecido como Novichok.

 

"Isso representa um uso ilegal da força pelo Estado russo contra o Reino Unido — disse May, que vinha sendo pressionada por sua base parlamentar a adotar medidas duras contra Moscou".

 

Em meio às negociações para a saída britânica da União Europeia, o Brexit, aprovado em plebiscito em 2016, a popularidade de May está em baixa, e ela se vê alvo de pressões de alas opostas do Partido Conservador, dividido entre os que querem um Brexit light e os que desejam cortar todos os laços com o bloco europeu.

 

 

Laços bilaterais cortados

 

O convite feito ao ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, para visitar o Reino Unido foi retirado, e ministros britânicos não irão mais à Copa do Mundo na Rússia a partir de junho.

 

A embaixada russa em Londres considerou as medidas britânicas um "ato hostil" e "inaceitável".

 

"Consideramos este ato hostil como totalmente inaceitável, injustificado e curto de visão", disse o órgão diplomático russo.

 

Mais cedo, o Reino Unido denunciou ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que o uso do agente nervoso na tentativa de assassinato de Skripal representa uma flagrante quebra das leis internacionais e deveria servir como um alerta à comunidade internacional.

 

"O conselho e a Assembleia Geral da ONU têm criticado as violações das leis internacionais pela Rússia com regularidade alarmante. Seu comportamento temerário é uma afronta a tudo que esse órgão defende", disse o embaixador britânico Julian Braithwaite ao fórum em Genebra.

 

Skripal, de 66 anos, é um ex-coronel preso em 2004 e condenado a 13 anos de prisão em 2006, na Rússia, por entregar informações secretas às autoridades britânicas. De acordo com a sentença, o militar era responsável por transmitir a Londres as identidades de espiões que trabalhavam secretamente na Europa, informações que chegavam ao serviço secreto do Reino Unido, o MI-6. Na época, o governo russo afirmou que Skripal praticava os vazamentos desde 1990.

 

Em julho de 2010, ele foi um dos quatro prisioneiros libertados por Moscou em uma troca por dez espiões como parte de um acordo com o FBI, a polícia federal americana, e obteve status legal de refugiado no Reino Unido.

 

O caso recorda o de Alexander Litvinenko, ex-espião que se tornou inimigo do presidente russo Vladimir Putin, assassinado com uma substância altamente radioativa, o polônio 210, colocada em seu chá em um hotel de luxo de Londres, segundo os britânico dois agentes russos.

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