Sul-mineiro morto ao cair de parapente havia inaugurado pista de salto

Publicado por Tv Minas em 16/01/2019 às 21h54

Fonte: G1

Segundo grupo, Paulo Sérgio Trevisan, conhecido como Baiano, foi o primeiro a saltar, em dezembro de 1976, com uma asa delta caseira.

 

Matéria extraída do G1

 

O piloto Paulo Sérgio Trevisan, de 56 anos, inaugurou a rampa de salto de onde partiu o voo em que ele morreu ao cair de parapente na tarde deste sábado (16) em Poços de Caldas. Segundo o Clube Poçoscaldense de Voo Livre, Baiano, como era conhecido, saltou em 12 de dezembro de 1976 com uma asa delta que ele mesmo desenvolveu.

 

Após o salto, que seria também o primeiro realizado no município, a rampa passou a ser chamada de 'Rampa do Baiano', em reconhecimento ao feito realizado pelo piloto.

 

"Para os leigos, no dia 12/12/1976, esta pessoa mega especial voou pela primeira vez com uma asa delta construída por ele mesmo em Poços de Caldas. E este, além de ser o primeiro voo dele, foi o primeiro voo realizado na nossa cidade. E por isto a nossa rampa se chama RAMPA DO BAIANO", escreveu o clube em sua página oficial.

 

 

Baiano inaugurou pista de salto em Poços de Caldas.

 

 

Na postagem, o clube ainda agradece a Paulo Sérgio, a quem chama de "uma pessoa de extrema luz, por onde ele passava, transmitia uma paz e uma simplicidade que não se compara e nem se copia. Um brilho que chegava a ofuscar os nossos olhos".

 

Nos comentários, amigos lamentaram a morte do piloto. "Uma perda inestimável! Ao menos a certeza de que morreu fazendo algo que adorava. Que seja feliz aonde estiver. De preferência com asas para continuar voando", diz um internauta.

 

"Mestre da vida e do ar. Amor incondicional às crianças, aos animais e ao voo livre. Uma lenda, uma rampa, um exemplo. Saudade já. O céu vai estar sempre lindo", afirma outro

 

 

O primeiro voo

 

Em um vídeo postado em uma rede social, Paulo Sérgio conta como foi realizar o primeiro voo. Sem nunca ter tido contato com uma asa delta de verdade, ele começou a estudar e desenhou o projeto para o salto.

 

"Em um papel, eu desenhei as medidas da asa. Deu a maior dor de cabeça para mim na época, para conseguir a tubulação, porque não tinha", ele explica. "Eu fiz aquele triângulo grande, só que na época, eu não tinha ideia do centro de gravidade", explicou.

 

Após entender como funcionava o centro de gravidade e receber ajuda de um engenheiro para desenvolver uma asa específica para o seu peso, Baiano começou a colocar a mão na massa e construir a asa delta.

 

 

Paulo Sérgio Trevisan foi homenageado em Poços de Caldas.

 

 

"Na frente da minha casa, eu botei os canos no chão. Com aquelas furadeiras de mão, eu conseguia fazer os furos no alumínio. Consegui entortar o cano para fazer o trapézio no pneu do caminhão do meu pai. Consegui os cabos de aço lá, fininho. Eu aprendi a dar o nó no cabo de aço, um amigo meu que era mecânico, me ensinou", contou.

 

Com o projeto concluído, chegava a hora de testar a asa. Para isso, o piloto recebeu a ajuda de amigos, porque não tinha como subir para a rampa carregando a estrutura. Lá de cima, sem capacete, sem paraquedas reserva, saltou.

 

"O primeiro voo que eu dei, o primeiro voo que eu saí, tinha um barranco de cinco metros. Eu saí voando retinho com ela, eu pousei certinho. Eu não acreditava. Eu gritava que nem um louco. Eu devo ter voado mais ou menos uns cinquenta metros".

 

"É um sonho que jamais vai acabar", concluiu Baiano no vídeo.

 

 

A queda

 

De acordo com o Corpo de Bombeiros, testemunhas contaram que Paulo Sérgio perdeu o controle do paraglider quando sobrevoava a Serra de São Domingos e caiu em um local de difícil acesso, a 30 metros da rampa de voo livre, próximo ao Cristo Redentor.

 

"Segundo informações das testemunhas e dos praticantes que estavam no local, ele veio a perder o controle da vela a aproximadamente 100 a 120 metros de altura. A vela entrou em colapso, ele conseguiu reestabelecer. Depois essa vela entrou em colapso novamente, ele deu alguns giros, tentou acionar o reserva, mas ele estava próximo ao solo. Ele não conseguiu reestabelecer essa vela dele e veio a sofrer a queda", explicou o sargento Domingues.

 

Um médico que estava no local ainda tentou reanimar a vítima até a chegada do socorro. Segundo os bombeiros, a vítima teve uma parada cardiorrespiratória e foi encaminhada para a Santa Casa de Poços de Caldas, mas não resistiu.

 

 

Veja também: Piloto de paraglider morre ao cair durante voo no Sul de Minas

Compartilhe essa matéria: